Influência da frequência de ordenhas diárias sobre a quantidade de leite produzido em fazendas leiteiras.

Estudos mostram que o correto manejo de ordenha e a frequência na qual é realizada são fundamentais na quantidade e qualidade do leite produzido assim como os fatores de bem estar e saúde do úbere. Animais com manejo incorreto no momento da ordenha são inábeis e implicam na produção e na qualidade do leite, uma vez que hormônios interferem na fisiologia da lactação. 

Anatomia da glândula mamária.

A glândula mamária se desenvolve na fase embrionária e é formada por diversos tecidos distintos como o tecido secretor, adiposo e conjuntivo, cada um com sua importância. Sendo o tecido secretor responsável pela produção do leite. O tecido secretor se desenvolve por proliferação de tecido epitelial oriundo dos cordões mamários dando origem a estrutura tubular e oca chamada de alvéolos, que são as unidades secretoras de leite. Os alvéolos são envoltos internamente por um amplo suprimento sanguíneo e linfático responsáveis pelo fornecimento de nutrientes essenciais para composição do leite e externamente contornados por células mioepiteliais contrateis, onde a contração da origem a excreção do leite.

As vacas apresentam uma adaptação anatômica no úbere que permite o armazenamento de leite produzido, chamado cisterna, localizada na parte ventral da glândula e onde são drenados todos os ductos principais. A competência de armazenar grandes quantidades de leite produzido nas vacas se da ao desenvolvimento do sistema suspensor do úbere.

 O úbere ou tetas (vulgarmente chamado) esta localizado na região inguinal, dividido em “quartos”, exibe-se como uma massa esférica preenchida por 4 tetos, contendo cada um uma saída chamada orifício por onde sai o leite, onde os 2 tetos anteriores são responsáveis por 40% da produção do leite e os 2 tetos posteriores, pela produção dos 60% que restam.

Formação do leite

A secreção do leite frequentemente surge ao longo do período final da gestação, onde acontece maior produção do hormônio prolactina resultando na formação do colostro que possui substâncias primordiais para o neo nato. O leite começa a se formar entre 7 a 10 dias após.

A produção do leite é estimulada por meio da sucção ou ordenha por dois caminhos: pelos efeitos que inibem a pressão intra mamária desencadeada pelo acúmulo de leite, e por estimulação acentuada da secreção de hormônios essenciais para manter a síntese e secreção de leite nos alvéolos.  Esses hormônios são a prolactina, responsável pela estimulação da produção e secreção do leite nos alvéolos e a ocitocina, responsável pela contração das células mioepiteliais.  Enfatizando que a concentração da prolactina acontece logo após os estimulo, porém seu pico só é alcançado 30 minutos depois dos estímulos.

O leite após ser produzido é drenado através dos ductos principais para a cisterna da glândula e após para a cisterna da teta, onde pode ser armazenado. Entre as ordenhas cerca de 80% da produção é armazenado nos alvéolos.

A medida com que os intervalos da ordenha, amamentação dos lactantes aumentam e os estímulos fundamentais para manter a concentração dos hormônios prolactina e ocitocina diminuem na circulação sanguínea, a produção do leite pela glândula mamária reduz até cessar. Fator este importante para programar a secagem do animal com intuito de prepara-lo para um novo ciclo. Este relato comprova sobre a produção de leite estar corretamente correlacionada à frequência de ordenhas. Quando a quantidade de ordenhas diárias passa para três vezes, a produção é elevada entre 6 a 25%. Aumento na produção também é visível quando em sistema de duplo propósito onde fêmeas amamentam e são ordenhadas, na percentagem de 7 a 20%.

Reflexos hormonais na produção do leite

 A quantidade de prolactina liberada é dependente de diversos fatores como a quantidade de crias (bezerros), do tempo que dura o estimulo e dos espaços de tempo transcorrido entre as ordenhas ou sucção. No caso das ordenhas são feitas habitualmente a cada 12 horas, o que seria suficiente para manter a produção de leite. Estudos mostram que tanto a produção do leite quanto a secreção de prolactina estão interligados ao foto período, visto que, animais que ficaram mais expostos à luz apresentaram aumento da concentração de prolactina circulante assim como obtiveram maior produção de leite em torno de 6 a 10%.

O leite é ejetado das glândulas mamárias por meio da sucção ou ordenha após gerar impulsos nervosos transmitidos para as células que produzem ocitocina. Este hormônio faz a contração da musculatura que rodeiam os alvéolos (células mioepiteliais). Além dos estímulos da sucção ou ordenha a ocitocina também é sensível a outros estímulos no momento da ordenha como os estímulos sensoriais auditivos (ruídos); visuais (ambiente da sala de ordenha); táteis (higiene dos mamilos antes da ordenha) e olfatórios (gerados ao derredor do animal). Tais estímulos sensoriais mostram que a ocitocina é controlada também pelo sistema nervoso central, enfatizando que estresses sofrido pelo animal inibe a produção do leite.

 A ocitocina é fundamental na ejeção do leite, sem ela a movimentação do leite seria muito lenta até chegar o ducto da teta ocasionando num menor volume de leite ejetado. Além de ser um hormônio que auxilia na melhoria da qualidade do leite por contribuir na eficiência da retirada do leite no momento da sucção ou ordenha diminuindo o leite retido que é  fonte de contaminação, e por reduzir a pressão no interior da glândula mamária que consequentemente diminui lesões internas das tetas evitando infecções mamárias.

A liberação da ocitocina após estímulos acontece dentro de segundos e é visível em torno de 1 minuto após estimulação de acordo com que o leite é forçado para fora dos alvéolos e ductos por meio da contração. Sua ação dura em torno de 5 a 7 minutos por isso a importância da ordenha acontecer logo após a completa descida do leite, caso contrário o efeito hormonal encerra deixando leite residual. Contrapartida o hormônio prolactina, hormônio responsável pelo aumento da glândula mamária e produção do leite é liberada somente por meio de estímulos táteis do úbere.

Ordenha

O animal é considerado “uma maquina biológica” que deve exibir todo seu potencial quando trabalha sobre condições ambientais corretas. Quando trabalham em condições ambientais inadequadas o reflexo na produtividade é negativo.

A introdução de uma ordenha corretamente manejada além de contribuir com o controle da mastite e reduzir lesões nos tetos é importante para promover estímulos de ejeção do leite para que se alcance uma ordenha completa e rápida garantindo qualidade e maior produção.

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